M. Emmet Walsh, um dos mais prolíficos e reconhecíveis actores secundários do cinema americano das décadas de 70, 80 e 90, contracenando com Dan Hedaya em Sangue por Sangue (Blood Simple, 1984), o primeiro filme dos irmãos Coen. Quantas memórias…

M. Emmet Walsh (1935-2024) RIP.

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Make Me Smile (Come Up And See Me)Steve Harley & Cockney Rebel | The Best Years of Our Lives | 1975

Steve Harley (1951-2024) RIP.

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Karl Wallinger (1957-2024) RIP.

Discografia seleccionada e imprescindível: A Pagan Place (1984) e This Is The Sea (1985) com os The Waterboys de Mike Scott; Private Revolution (1987), Goodbye Jumbo (1990), Bang! (1993), Egyptology (1997) e Dumbing Up (2000), os 5 álbuns de originais editados sob a chancela World Party; Big Blue Ball (2008), projecto co-produzido com Peter Gabriel gravado ao longo dos anos 90 com inúmeros músicos convidados.

O mundo tem destas injustiças. Um ano depois do original de Wallinger (incluído em Egyptology, um álbum mal promovido que passou despercebido e a que quase ninguém ligou peva), Robbie Williams grava uma cover praticamente decalcada nota por nota e em tudo semelhante nos arranjos de She’s The One, levando-a a nº 1 nos tops mundiais num sucesso planetário tão cruelmente negado ao seu brilhante autor.

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Com chuva e temporal a marcar o famigerado “dia de reflexão”, tratei de espreitar algumas novidades da semana tendo em vista a banda sonora de mais uma jornada caseira. Norah Jones, de quem vou coleccionando os álbuns desde a sua estreia já lá vão uns vinte anos, é um porto seguro e ameno onde sabe sempre bem voltar e o novo Visions, gravado em estreita colaboração com o produtor Leon Michels (os dois tocam praticamente quase tudo), não desmerece dos seus melhores momentos mantendo incólume a virtude de parir boas canções aqui e acolá.

Norah Jones | Visions | 2024 | Blue Note

Taj Mahal, velho conhecido dos blues mas não só, revisita alguns dos temas da sua provecta carreira em Swingin’ Live at The Church in Tulsa. Gravado ao vivo no estúdio com a sua banda habitual perante uma privilegiada live audience, dele só apetece dizer que tem aquela qualidade orgânica que é como o algodão que não engana: músicos tarimbados a fazerem sem rede o que melhor sabem. Quanto aos 81 anos do protagonista, nem se notam carago!

The Taj Mahal Sextet | Swingin’ Live at the Church in Tulsa | 2024 | Lightning Rod

Dos de The Tyde, que é como quem diz o projecto de Darren Rademaker, não tinha notícias desde o trio inicial de discos – Once (2001), Twice (2003) e Three’s Co. (2006) – uma agradável mescla de indie pop com laivos ocasionais de algum country-rock que tanto me cativou nos primórdios deste milénio. Nem dei pela edição de Darren 4 em 2016 que entretanto ouvi à boleia deste Season 5 agora acabado de lançar. Razoavelmente inspirado e bem confeccionado, à semelhança dos seus antecessores, e com pormenores deliciosos como é exemplo a sublime presença do clavinet em Streetwise que não há maneira de me sair da cabeça.

The Tyde | Season 5 | 2024 | Spiritual Pajamas

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É sempre assim. À esquerda e à direita do espectro partidário, agudizam-se os apelos ao voto útil no último dia de campanha eleitoral. A sério? E eu que pensava que em democracia todos os votos são úteis. Mas a verdade é que já estou tão farto desta proverbial cantilena que só me apetece constatar o óbvio: voto útil é o meu e de quem vota no mesmo que eu, os outros são todos inúteis.

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António-Pedro Vasconcelos (1939-2024) RIP.

Natural de Leiria e fervoroso adepto benfiquista, dupla condição por mim partilhada, tinha o condão de me irritar ciclicamente com algo que sempre abominei enquanto apaixonado cinéfilo: a defesa intransigente da dobragem nos filmes que teimava em advogar em tudo o que era entrevista ou intervenção pública. No demais, que é afinal o mais relevante, deixa uma das obras mais interessante e sustentada do cinema português na tentativa, nem sempre conseguida mas amiúde louvável, de conciliar a influência dos clássicos e a recusa de uma proposta umbiguista de autor com a vertente mais comercial e popular que viabilizasse uma verdadeira indústria cinematográfica virada para o grande público, qual quimera ou utopia num mercado de dimensão tão reduzida como o nosso.

Filmografia selectiva: Perdido por Cem… (1973); Adeus, Até ao Meu Regresso (1974); Oxalá (1979); O Lugar do Morto (1984); Aqui d’El Rei! (1992); Jaime (1999); Os Imortais (2003); Call Girl (2007); A Bela e o Paparazzo (2010); Os Gatos não Têm Vertigens (2014); Amor Impossível (2015); Parque Mayer (2018); Km 224 (2022).

Ana Zanatti e Pedro Oliveira em O Lugar do Morto (1984) de António-Pedro Vasconcelos, à época, o maior sucesso de bilheteira do cinema português com mais de 270 mil espectadores nas salas

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Ramón Masats | Madrid, 1959

Ramón Masats | Madrid, 1985

Ramón Masats (1931-2024) RIP.

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Julian Lage: Guitar | Jorge Roeder: Bass | Dave King: Drums | Patrick Warren: Keys | Levon Henry: Saxophone

Julian Lage | Speak To Me | 2024 | Blue Note

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Desde os tempos em que acompanhou Peter Gabriel na digressão Secret World Tour por volta de 1993/94 que Paula Cole logo se fez notar enquanto vocalista de méritos inegáveis antevendo algo mais palpável para o futuro (Secret World Live é um magnífico DVD do ex Genesis que nunca me canso de revisitar). A partir daí, junte-se uma condizente faceta de autora/compositora de causas e cunho pessoal tomando as rédeas da carreira a solo e eis uma discografia digna de nota que acaba de conhecer o seu capítulo mais recente acabado de sair, Lo, álbum na melhor tradição de uma singer/songwriter de pleno direito: onze canções originais todas elas escritas, cantadas e produzidas por Cole com o precioso auxílio da sua banda “live in the studio”, a saber, Jay Bellerose (drums), Chris Bruce (guitars), Ross Gallagher (upright and electric bass, backing vocals) e Rich Hinman (pedal steel, guitars).

Paula Cole | Lo | 2024 | 675 Records

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A norte-americana Mary Timony, voz e guitarra com alguma proeminência na cena mais alternativa do indie rock, já marcava apreciada presença cá por casa através de The Dirt of Luck (1995) dos Helium e de The Shapes We Make (2007), dois CDs em boa hora adquiridos nos saudosos tempos em que o Continente e o Media Markt desbaratavam música em barda ao preço da uva mijona para gáudio deste melómano (muito remexi eu aqueles caixotes e expositores). E foi espreitando a enxurrada dos novos lançamentos que o Tidal me despeja à sexta-feira que reparei neste Untame the Tiger, logo resgatado para me fazer companhia ao longo do fim de semana. Sólido, conciso (9 canções, menos de 40 minutos) e sem concessões, é bom reencontrá-la em apurada e coerente forma. A título de curiosidade, assinale-se a presença em metade dos temas do veterano baterista Dave Mattacks (Fairport Convention), figura com pergaminhos no universo da melhor folk britânica.

Mary Timony | Untame the Tiger | 2024 | Merge Records

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Chris Potter (tenor saxophone, soprano saxophone, bass clarinet), Brad Mehldau (piano), John Patitucci (double bass) e Brian Blade (drums). Ora aqui está um verdadeiro super grupo que impõe respeito ao mais céptico dos internautas à cata de novidades estimulantes no jazz. A feliz reunião já teve lugar em finais de 2022 mas só agora o resultado das sessões de gravação de oito composições originais de Potter vê a luz do dia. Eagle’s Point tem saída anunciada para 8 de Março.

Chris Potter with Brad Mehldau, John Patitucci & Brian Blade | Eagle’s Point | 2024 | Edition Records

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O que tenho eu em comum com o Martin Scorsese com algumas décadas de diferença? Também eu me apaixonei pelos filmes da dupla Michael Powell & Emeric Pressburger ao vê-los na televisão pela primeira vez. No meu caso foi tiro e queda há muitos anos atrás na antiga RTP 2 com os meus preferidos I Know Where I’m Going! (Sei Para Onde Vou, 1945), Black Narcissus (Quando os Sinos Dobram, 1947) e The Red Shoes (Os Sapatos Vermelhos, 1948) entre outros. Chegam-me agora ecos do Festival de Berlim a decorrer esta semana e da estreia por lá deste Made in England: The Films of Powell and Pressburger, documentário de David Hinton com narração e autoria de Scorsese que acumula ainda as funções de produtor executivo no que se adivinha ser mais uma autêntica master class de partilha e divulgação cinéfila do realizador italo-americano a não perder. Claro que já conto os dias para o espreitar por aí em streaming.

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Saiu no início do mês e logo me caiu no goto este novo álbum a solo de J Mascis (Dinosaur Jr.). Viciante até ao tutano, são dez contagiantes canções num conjunto singularmente homogéneo como tenho visto poucos nos últimos tempos.

J Mascis | What Do We Do Now | 2024 | Sub Pop Records

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Cat at Play | Henriëtte Ronner-Knip | ca 1860-1878 | oil on wood panel | Rijksmuseum, Amsterdam, Netherlands

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Cinquentenário → 💿 #11

Faz hoje 50 anos que David Bowie lançou Rebel Rebel, o primeiro single de Diamond Dogs (o álbum sairá três meses depois, em Maio de 74). Um intro icónico que nunca mais me saiu da cabeça desde a primeira vez que o ouvi e um dos riffs que mais trauteei ao longo da puta da vida que vou levando. Se é o próprio Bowie (responsável pelas guitarras em Diamond Dogs depois da partida de Mick Ronson e da extinção dos Spiders from Mars) a tocá-lo na versão final ou, como muitos defendem, Alan Parker (que só aparece creditado por 1984 no meu CD) é para o lado que durmo melhor. Bora lá mas é ouvi-lo outra vez…

Rebel RebelDavid Bowie | Diamond Dogs | 1974 | EMI

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Se a bajulação crónica em redor de Cristiano Ronaldo já enjoava cá no burgo, desde que o capitão residente da selecção das quinas se tornou accionista de referência do Grupo Cofina (Correio da Manhã e Record) a náusea provocada pelo constante endeusamento e lambe-botismo dos seus súbditos e capachos ainda aumentou exponencialmente. Longe vão os tempos em que o herói nacional atirava microfones da CMTV à água e ali era criticado pela “afronta”. Agora, o afã pressuroso em agradar ao dono é tanto que os exemplos da sabujice mais doentia se multiplicam em acesa disputa de salamaleques e rodapés diários por dá cá aquela palha. Não admira pois que hoje, em zapping de fim de tarde, até tenha dado de caras com a transmissão em directo e em simultâneo (!!) na CMTV e no Canal 11 da Federação Portuguesa de Futebol de um jogo entre o Al Nassr do CR7 e o Al Fayha (?), actual 14º classificado do campeonato saudita, a contar para os oitavos de final de uma tal Liga dos Campeões asiática (os dois clubes nem da Arábia Saudita são campeões, mas enfim). Acreditem, não faltará muito que um peido do “melhor jogador do mundo” mereça honras de um alerta CM pelo contributo no combate às alterações climáticas ou coisa que o valha.

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central park west (John Coltrane) → Joel Ross | nublues | 2024 | Blue Note

Vibraphone: Joel Ross | Alto Saxophone: Immanuel Wilkins | Piano: Jeremy Corren | Drums: Jeremy Dutton | Bass: Kanoa Mendenhall

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(Kashmiri schoolchildren rest on benches outside a shop on a cold winter day after heavy snowfall in Doodhpathri, about 45km north-east of Srinagar, India | photograph: Faisal Bashir / Sopa Images / Rex / Shutterstock)

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